domingo, 22 de novembro de 2009

Casal

A Dani com amor.


O melhor que fazemos e pensamos
É o que podemos dar-nos, frágeis ramos
Em meio a tiros, becos e fuzis
Na cidade onde a vida é por um triz.

Ser e amar sobejados de reclamos
É um risco, mas aqui nos enleamos
E nos amamos loucos nos perfis
De rostos fractais, de chuva e giz.

Fingidas faces? Corpos encenados
Debaixo dos lençóis de linho e sangue,
Em meio à tanta gente morta e exangue?

É o que somos – atores enganados
Co’as máscaras partidas por cidade
Anônima que nosso quarto invade.

12.06.2009.

Um comentário:

Felipe Mendonça disse...

No meio urbano contemporâneo somos instados o tempo todo a amar e a nos apaixonar. O amor tornou-se um artigo de alto valor, pois vende. Ser e amar na cidade moderna é, sem dúvida, uma aventura, mas uma aventura, muitas vezes, que termina sem recompensa, sem conseguirmos alcançar o grande amor e o nosso eu. No entanto, amamos e firmamos nossa subjetiviade mesmo assim, iludidos, pois são muitas as iguarias. O soneto é um chamada à nossa consciência a respeito do amor e da vida a dois nos grandes centros urbanos, uma tentativa de mostrar que somos atores engandos, iludidos com o que pensamos ser o amor e o próprio ser. Podemos amar sim, nos tornar um indivíduo, tirânica persona, porém ao menos consciente de que, à nossa volta, há muita violência e propaganda.