segunda-feira, 14 de julho de 2014

Hino

Tenho a boca amarga como o fel.
Se eu pudesse, matava todo o Israel
E irromperia os portões de Ishtar
Coberto de glórias como o rei Senaqueribe.
Meu coração é um imenso mar
Repleto de fúria, retóricas e diatribes.

Minha cáfila segue até Damasco
Em busca dos amigos Iosef e Arafat.
Há muito o que fazer, lutas e combates,
Enfrentar o cacto, o cardo e o carrasco,
Expulsar daqui esses cruzados
A profanar mesquitas, reinos e sultanatos.

Cheguei a tempo, cheguei primeiro,
Sou do antigo Povo do mar,
Velho marinheiro, tenaz guerreiro,
A Arábia é o meu lar,
Golã, Sinai, Sidon, Gaza, tudo meu!
Sou pai de otomanos e filisteus.

Guerreio desde 1967,
Por pouco não dei cabo
De Ramsés e Josué.
Ninguém jamais me abalará a fé.
Vencerei os cristãos e seus diabos,
Jerusalém não é de Iavé!!!

Ó quão bela és tu,
Minha terra tão querida,
Faixa de Gaza, toda a Palestina.
Eu te canto mesmo derrotado e nu,
Pois sei que Omar ibn al-Khattab
Um dia retornará para nos restituir a Medina.

Já estive perdido, longe de Ascalom,
Sem poder contemplar o Hebrom.
Não sigo a nenhum grupo mais,
OLP, Fatah ou Hamas.
Tenho o espírito dos Macabeus,
Sou do Éden de fenícios e arameus.

Esta terra nunca esteve vazia,
E ela jamais será tua.
Vê o quarto crescente, a lua!
Ela anuncia o dia
Em que retomarei o Iêmen e Bagdá,
Em que me tornarei faraó e aiatolá.

A força do Eufrates e do Tigre
Inunda o meu coração
Que deseja apenas ser livre.
Nenhum rei, Tumtósis ou Salomão,
Irá tomar-me, por tratado ou guerra,
De novo a minha terra.

Entoarei o hino de Gibran,
Às margens do lago Ram.
Dormirei sob os cedros do Líbano,
Sentindo o olor do sândalo e do olíbano,
Enquanto contemplo a Jóia do Oriente, o Negev
Engolindo ocidentes e almocreves.