sábado, 22 de junho de 2013

Silvano e Taís

Irmã,
Eu beijo a serpente
Eu mordo a maçã.

É quando acordo
Pela manhã
E estás nua
Na minha cama,

É quando acordas
E me falas
Das náiades,
Dos bosques e romãs.

É quando vejo
Que guardas
Entre as pernas
As nossas horas
Mais fraternas,

É quando me ofertas
A flauta de Pã,
A noite
E as cortesãs,

É quando dizes
Que odeias o Tebaida,
E que tua casa
É a opulenta Alexandria,

É quando confidencias
Que enganaste
O monge cenobita
E que jamais deixaste
De ser uma hetaíra.

É quando me despertas
De um quotidiano
De culpa e engano,
Bafejando-me,
Junto a cascatas e fontes,
O alegre nome:
“- Silvano, Silvano, Silvano...”

Oh, irmã,
És Taís
A devolver-me
A meu verdadeiro país!


sábado, 1 de junho de 2013

Silvano

Silvano é alegre!
Sinto amor,
Sinto febre,
E corro nu
Como as gazelas
Atrás de lebres
E donzelas.

Seduzo as mais belas
E nos eflúvios do álcool
E da cocaína
Faço amor com elas
Porque amar
É minha sina,
Viver entre mancebos
E concubinas,

Ao som
De tambores e flautins,
Ébrio de orgias
E festins
Com efebos e meninas.

Ah, viver no enleio
De braços, pernas
E seios,
Devasso
A sempre cair preso
No laço dos desejos.

Pinto o rosto,
Ponho máscaras
E levo ao riso.

Impressiono,
Cabotino,
Mulheres e meninos
Só para ter
De rosetas e falos
Os altos páramos
De um orgasmo.

Beijo, beijo, beijo,
E amo com ardor e pressa
Porque a morte é certa
E a velhice é ruína
Sem qualquer promessa.

Porque só no gozo
Antevê a alma
Aquela profunda calma
De não carecer
De ascese ou cabala,
De sentir-se livre
De todas as jaulas –
Êxtase do nada!

Silvano é alegre!
E não há
Como não sê-lo
Quando o dia é breve,
Mas repleto
De promessas
E enlevos.