segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Deusa

Mãe de todos os deuses,
Mulher de Zeus e Jeová
Eu sou Ester,
Vésper, grande mar.

O homem, o profeta
Não sabem quem sou,
Meu amor não é
Por escribas e exegetas.

É o que nutre
A mãe por um filho
E que o protege
De feras e abutres.
 
É o início,
Todos os começos,
As lágrimas do Nilo
De Biblos ao Mar negro,
 
A rede do pescador,
A sede dos escravos,
A labuta e o arado
Do lavrador.
 
Não quero o assassínio,
Nem morte e escravidão
Quero estar no templo
Do rei Salomão.
 
Não quero sacrifício,
Quero apenas hinos
Pães, bolos e alimento,
O perfume de um incenso,
 
Que derramem
Na boca dos vivos
Vinho e leite,
Mel e azeite
 
Que, em favos, oferto
Dos meus seios,
Cachos e cabelos –
Fontes no deserto,
 
Pois abomino
O sangue dos castigos,
As terríveis profecias
Do cego Jeremias,
 
A loucura de reis
Que pilham, destroem
Templos, altares
Em nome da lei.
 
Sou mãe, tenho filhos
Entre hititas e cananeus,
Entre gregos e assírios,
E egípcios e judeus.
 
Sou próspero caminho
Terra fértil onde
Não há a espada
Ou a fome,
 
Onde, nas moradas
De Judá a Ishtar,
Nada falta,
Pois sou lauta,
 
Irmã, mulher,
O seio nutriz
De Inanna, de Ísis
E da muçulmana,
 
A fé de Magdala
Contra pedros pétreos,
Prontos a bani-la
E rejeitá-la.
 
Nunca o menos,
Mas céu, Vênus,
Grande mar,
Asherah.

domingo, 3 de novembro de 2013

Canto novo


Muares mugem pelas ruas,
Mas já não são mais
Apenas bois e alimárias,
São leões e tigres
Que juntos rugem
Gritos de ordem,
Bravas árias.
E até o poeta
Que só ladrava para a lua
Soma agora seu canto
Ao coro livre das ruas.