quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Meu país

Meu país são jovens
De Belém a Juiz de Fora,
De Porto Alegre
À Praça Sete
A gritarem:
Fora!
Queremos um país,
Outro, novo
Agora!

Meu país é aquele
A erguer um cartaz,
Em meio a tiros,
Cavalos e canhões,
Que pede paz.

Meu país
É uma praça em chamas
Enquanto nos átrios
Mais alvos e brancos
Só há roubalheira
E infâmia –
Homens imundos
Vestidos de santo.

Meu país
São gritos, brados,
Novo canto,
Coro e esperança
De que enfim romperemos
Os grilhões do passado
E jamais voltaremos
A viver como gado.

Meu país é um sonho
Com o qual cubro-me os ombros,
Verde-louro manto
A resistir, nas barricadas,
Às bombas que explodem
Em terrível estrondo.

Meu país é a moça
A oferecer uma flor
A fardas cinzas, escuras
Repletas de silêncio e dor.

Meu país é esta flor,
Rubra de sangue e ardor,
A provar que a luta não é vã
E a irromper do alvor
De uma nova manhã.