Há
uma serpente
Que
de mim sai,
Espada,
samurai.
Irrompe-me
todos os poros
Insinua-se
entre
Minhas
pernas
Quando
gozo
Ou
mesmo
Quando
Me
chupas,
Penitente,
Criminosa,
De
joelhos
Como
se rezasses
Um
padre-nosso.
Há
uma serpente
Saindo
De
minhas entranhas,
Que
voraz
Me
abocanha
Por
noites inteiras
E
que me faz,
Como
um doidivanas,
Te
pegar por trás,
Ouvir,
Como
se fossem
Hinos,
cânticos
E
hosanas,
Os
teus gritos
E
vagidos,
Enquanto
me lanhas
Nessa
louca campanha.
Há
sempre
Uma
serpente
Em
mim,
Porque
estou
A
ponto
De
dar um troço,
De
te morder
E
devorar-te,
De
te matar
E
dominar-te,
Dando
tudo
Tudo
o que posso,
Só
para ver-te
Abocanhar-me
o pomo
E
depois
Nele
sentar-te
Como
num trono.
(Rainha
ou vadia?
O
que importa?
És
mulher!
És
minha!)
Há
uma serpente
Que
se nos entranha
Inclemente,
Que
nos leva sempre
Ao
mais íntimo
De
nossos corpos
E
mentes,
Que
se nos enrodilha
No
peito, na cama
Ou
na virilha,
Tornando
nosso dia
Uma
trama
De
saliva,
Suor
e orgias;
Uma
busca
Incessante
Na
lua ou no boquete,
No
rabo ou no diabo,
Na
santa ou na bacante,
Pelo
pedaço, fatia
Que
enfim nos complete
E
celebre
Este
fugaz instante.