O
paraíso
Nunca
foi perdido
Nós
é que vamos
Perdidos
nele.
A
vez primeira
Em
que me tornei
Um
passarinho
Foi
naquela jabuticabeira.
Foi
de manhã
Num
domingo
Quando
me tornei
Ainda
mais lindo.
Beijo
o mundo
Inocente
A
tudo pertencente
Beijo-o
álacre
Sem
nenhum milagre.
Tomo-me
De
tamanha simplicidade
E
sinto-me
Tão
jovem
Que
já não tenho idade.
Meu
presente
São
os longes
Que
não vivi outrora
Por
isso me sinto
Tão
ausente
Solto
em todo o ente.
Meu
passado
É
tão próximo
Que
o já não lembro.
Fiz
dele um desenho
Que
ora apago,
Ora
xilogravo
Nas
asas de um pássaro,
E o
futuro dos homens
Não
me angustia
Ou
consome
Se
resume a este dia
A
tudo o que é
E
some.
Cobras
e lagartos
Conversam
comigo.
Como
todos os frutos
E
nenhum é proibido.
Passo
por corredores,
Estradas
e escadas
Sentindo
o rasto
De
lavanda e gasolina.
Trepo
com pretas e polacas
E
faço negócios da china.
Sou
um novo adão
E
ando nu, ao léu,
Nas
asas de um avião
Ou
das borboletas
A
adejarem
As
flores de um vergel
No
paraíso perdido.
Bebo
de todas as fontes.
Mato
aqui
Toda
a minha sede e fome
A
beijar liliths, santas e marias,
A
dar festas, risos e alegria,
A
brincar com diabos e meninos,
Os
mais belos que já vi.
Ter
medo de quê
Se
jamais saberemos
Se o
boticário nos preparou
Um
perfume ou veneno?
Nada
me impressiona
E
fico atento,
Sensível
a tudo
Que,
visível,
Me
emociona,
Porque
é bom
Ouvir
as ondas
Batendo
no cais,
Amar,
cantar
Sorrindo,
Para
depois morrer
Como
os pardais
À
beira do mar,
À
beira do lindo.