A
grama era verde,
O
céu era azul
E
quanto mais ao sul
As
flores rebentavam,
Todos
nós nos rejubilávamos
Porque
ainda havia flores nos canteiros.
Havia
relvas, matas, florestas,
Montanhas
verdes
E
imensidões cerúleas
Que
todos os dias
Rasgavam-se
ante os olhos
Para
nosso prazer e visão.
As
abelhas zuniam nas colméias
E
fecundavam azaléias e bromélias,
Levando
por toda a parte
A
cor, o olor e o estio
De
verões e primaveras,
De
prados e campos
Onde
ziniam as cigarras.
Havia
a grama e o céu
E
como era verde!
E
como era azul!
Sobre
lírios e girassóis
Perfeitos
e exatos
Para
nosso deleite e agrado.
Odoríficos,
exalavam as fragrâncias
Mais
intensas e desejadas
Que
nos faziam amar
Mesmo
diante da morte e do nada.
Os
rios corriam com a força dos primeiros anos,
Abrindo
cânions e vales,
Formando
deltas e bacias,
Pântanos
e lagos
Onde
se ergueram
Cidades,
fortalezas e palácios.
Os
glaciares eram muito brancos e nítidos
Como
o são os mares de gelo de Europa,
Lar
de ursos e focas
E
onde são mais brilhantes as boreais,
O
luzido das polares
Sob
intensos ventos austrais.
Grossas
massas de gelo
Expandiam-se
e recuavam
Deixando
na rocha sulcos profundos,
Testemunho
das eras,
Geleiras
e rasgos
A
esculpir penhascos e geografias.
Havia um tempo
Antes da dúvida e do medo,
Antes do chão calcinado de indústrias,
Do degelo e das fontes que secaram;
Havia um tempo
Em que o ouro só pertencia às estrelas
E as matilhas uivavam e ganiam
Para lua como nunca se vira antes
Enquanto Lucy contemplava o céu
Repleto de diamantes;
Em que enormes lagartos e feras
Deram origem aos pássaros
E peixes e insetos marinhos,
A anfíbios e sapos,
A besouros e térmitas.
Havia um tempo
Em que a inocência não era mais
Do que eras e eras
Que ficaram para trás
Junto com deuses da terra e do ar
E com um mundo ígneo,
Natural e físico.
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