sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Hubble














Sou de certo um ser histórico,
Mas também (e está provado)
Dos altos céus, astronômico.
Caminho sob vetustas
E pesadas estruturas,
Enfrentando as tempestades
À sombra dos monumentos,
Debaixo do guarda-chuva
Com pessoas que se perdem
Cabisbaixas e famintas
Por extensas avenidas.
Sou de certo um ser histórico,
Vivo naus e afogamentos
Aos pés da severa estátua
De monarcas do passado
E cruéis conquistadores.
Sou gente urbana e comum,
Um latino-americano
Num bonde que segue rotas
Do nada a lugar nenhum,
Levando homens em assentos
Que viajam flatulências
Do emprego e da profissão.
Olho para o céu e sei
Que nas vastas amplidões
A gigante Betelgeuse
Enfim explodirá numa
Emanação de partículas
E gás inter-estelares,
Pois sob o espelho primário,
Telescópico, do Hubble,
Minha torre de vigia,
Toda nossa crença e história,
Nossos prédios e cidades,
Mausoléus e monumentos
Pesam e perduram tanto
Quanto a mão de uma criança.

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