sexta-feira, 14 de março de 2025

Soneto do homem traído

 

Do bar volto pra casa solitário
Sem ninguém que me faça companhia,
Remoendo o ideal de uma utopia
Que um dia me julguei ser necessário.
Deste mundo vivi o corolário
Da ilusão que meu peito consumia;
Que tudo não passou de fantasia
Vejo agora em meu rosto proletário.
Tudo fiz, mas não foi suficiente;
A ninguém enganei, mas iludido
E atraiçoado eu fui por tanta gente.
Pensava que o ideal era o partido,
Mas não vi que o partido era somente
Aqueles pelos quais eu fui traído.

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Soneto do homem proletário

 

Meu rosto proletário e jacobino
De rugas vai se enchendo tão cansado.
Na fronte, vejo linhas conformado
A perder mais um dia citadino.
Na vida, me impuseram figurino
Que visto só, anônimo e explorado,
Porque não luta o povo alienado
Que um dia quer virar um girondino.
Me empenhei, mas não vi qualquer mudança.
Inútil pareceu todo o ideal
No qual cria repleto de esperança.
Aos poucos, vou chegando ao meu final.
Não posso mais lutar nem ser criança
E vivo eternamente desigual.