quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Soneto do homem malogrado

 

Sinto que o essencial em mim faltou,

Que tudo se esvanece sem demora,

Que rompo inutilmente toda a aurora

Desta vida em que nada me bastou.

 

Sinto que no fim tudo se frustrou,

Que alheio me tornei quem ignora,

Aceito ou reprovado, dentro ou fora,

O fardo que meu ser sempre curvou.

 

Me fica a sensação de ter vivido

O que me foi imposto ou obrigado

E jamais meu prazer ter consentido,

 

Pois logo que nasci vivi errado

O que nunca me fez qualquer sentido

E faz com que me sinta malogrado.