Ao meu filho
Não sei se seguro
Areia ou figura.
Não sei se teus braços
Terei sempre assim:
Abertos, erguidos
Pedindo-me um abraço.
Não sei até quando
Terás no teu rosto
A frágil candura
Que o tempo desnuda,
Arranca e fratura.
Tormentas se formam
E agravam meu medo
De cedo perder-te,
De ver-te tragado
Por frio lajedo,
De ver-te levado
De mim, indefeso,
Tão súbito e quedo.
E embora te veja
Brincando e saltando
As ondas e a espuma
Que beijam teus pés,
Eu sinto, aziago,
As noite e brumas
Que logo virão,
Eu sinto pressagos
Os corpos de agora,
Que logo teremos
O mesmo destino
Das vidas de outrora.
Por isso não sei
Se areia ou figura
Seguro não mãos,
Por quais desventuras
Enfim passarei,
Por quantos extremos
Nós dois passaremos,
Se a paz do teu riso
Com que me jubilo
Será sempre um hino
Tangendo meus dias.
Por isso não sei
Se todo o meu zelo
Não passa de apelo
Que não vai deter
Teus louros cabelos,
O rosto e a figura
Da vã carnadura
Dos nossos momentos.
És folhas ao vento!
A imagem no espelho
Na qual deixarei
Meu lábio, meu beijo,
O fundo desejo
De em mim te reter,
Teimando suster,
Quimera, loucura,
A areia e a figura
Que eu hoje seguro.
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