terça-feira, 25 de outubro de 2011

Soneto a Judas

Amar o próprio Judas não é coisa
A quem não renuncia altar vetusto,
A tantas crenças vãs que a muito custo
Turvam o pensamento, frágil loisa.

Amá-Lo contra todos os discursos
É ter a mente sã do criminoso
É sentir afinal o imenso gozo
De trair o que trai nossos excursos;

Ter na boca malditos padre-nossos:
“Ó Senhor, vinde Vós a nosso Reino
Reduzir as doutrinas a destroços;

Revelai as agruras do desejo,
Todo o mal desta vida na qual treino
Beijar os meus irmãos com vosso beijo.”