quarta-feira, 20 de junho de 2012

Paideia

Buscar-me nas doutrinas renegadas,
Infensas a argumentos que somente
Defraudam quem só pensa diferente
Das lápides por muitos confessadas;

Querer-me libertado das julgadas
Verdades que sustentam o Ocidente
Inteiro, como um fardo, a fazer frente
Às formas tantas vezes rejeitadas,

É o modo de encontrar a alteridade,
Um outro que de mim resta proscrito,
Anátema, revel, um ser maldito,

Despido de qualquer moralidade
Que só condena todos, sem medida,
Ao logro que encarquilha a nossa vida.

sábado, 2 de junho de 2012

Sina


Se há algo
Que me ensina
É que tudo
Nesta vida
Sempre cisma.

Se há algo
Que me ensina
É que tudo
O que cisma
É por sina

E que a sina
De cismar
Faz a vida
Pressupor
Para si

Um sentido,
Um propósito
E destino
Presumidos
Para todos.

Mas se tem
Um sentido,
Por que cisma
Esta vida
Tão sentida?

Mas se tem
Um destino
Por que cisma
E se abisma
Esta vida?

Se ela cisma
É por sina
De não ter
Um sentido,
Um juízo,

Por saber-se
Sem propósito
E destino
Quando cisma
Em surdina.

Por saber
Que cismar
É buscar-se
Bem acima
Dos sofismas

De um destino,
De um sentido
Tão mentido
E fingido
Pelas gentes.

Pois se cisma
Malsinada
E repleta
De sentidos
Presumidos

Nos ensina,
Na verdade,
Que viver
Esta vida
É a sina

De perder-se
Em cismar,
Em amar
E a arriscar-se
Sem sentido.