quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Soneto da lésbica lua


Surge a lua no céu desta cidade
Nua, nele, flutua muito antiga,
Lúbrica sobre nossa castidade
E sempre a fantasia nos instiga.
Balão que paira sobre a realidade,
Não há por causa dela quem me diga
Que, sozinho, na sua intimidade,
Não amou um rapaz ou rapariga.
Alva, enquanto a contemplo desta praça
E traz o dia sujo a poluição,
Deslustrada parece que se embaça,
Embuça-se, lasciva e clandestina,
Para, oculta, em ardente relação,
Ter sensual a Estrela matutina.