quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Desespero romântico II


Ó
Lua, luna
Lunática,

Dize-me
Que sou tua
À minha carne nua.

Desce, te conjuro,
Errática,
Sobre seio perjuro.

Não me venhas
Com tanta gente
Que te olha descrente,

Não me venhas
Com reles vidas,
Ruas e avenidas.

Vem difusa,
Lua prolixa
Dos amantes, intrusa,

Ó
Lua, luna
Hierática.

Vem e mente,
Inunda meu quarto
Profundamente.

Dize-me algo!
Mas nada dizes
Sorumbática.

Surja-me alva!
Mas me apavora
Fantasmática

No meu quarto
Após parir-me
Um lagarto,

Lua réptil
A devorar-me
Autofágica...

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