Ser mulher
É não querer do mundo
Jamais provar apenas
Uma colher,
Muito menos
Deixar de sofrer
A dor ao gozar
De prazer.
Ser mulher
É matar em si
Quem se troca
Por uma vida qualquer,
É ser o que se quer ser,
Mulher, desejo fundo
De jamais ser mãe
Senão de um novo mundo,
É querer ser muito mais,
Amar meninos
E vagabundos,
Poetas e assassinos,
Ser mulher
É coser
Para emaranhar-nos
Inda mais no querer,
Ser mulher:
Madalena, Lilith
Ou Helena a amar-nos
Como hiena ou menina,
Ah mulher,
São luas cheias
Tuas nádegas
E minha boca as pleiteia!
Ah mulher,
Esparjo-me
No teu seio e sexo
Sedento e gago.
Ah, e minha língua
Bebe teu gozo e saliva
Toda a vida
Que em ti nunca míngua!
E nos teus cabelos
Sorvo o perfume
Que me transporta
Aos altos cumes...
Sorvo tudo
Em longos haustos
O teu corpo desnudo
Onde me farto exausto.
É alongado espasmo
O meu gozo
É cair, transe, orgasmo,
Num fundo poço.
E quando descanso
Enfim
É porque te traduziste
Em mim...
E só descanso
Quando sei
Que foste além da colher
Que te impede mulher!
Quando sei
Que enfim
Cumpriste o teu mister
E te tornaste, sim!, a Mulher.
E o teu mister
É amar,
É querer beber
Todo o mar!
É saciar
Desejos inconfessos,
É quebrar
Os votos professos,
É rezar
Para o Diabo
E deixar que te amem
Toda, de cabo a rabo!
Ah mulher,
Que fizeste?
Estamos nus
E é a nossa nudez o que nos veste.
Mulher,
Que fizeste
Senão amar tanto
Santos e cafajestes,
A ver neste chão
No qual piso
Tudo que é sublime
E celeste?
Ah mulher!
Sou poeta,nascido aos 24/02/1976 em Porto Alegre. Meus poetas tutores são Drummond, Baudelaire e Fernando Pessoa. São eles que orientam meu pensamento e labor poético. Este blog é feito para quem gosta de poesia Publicarei nesta página, portanto, alguns poemas de minha autoria e também de outros grandes poetas, além de comentários sobre meus poemas e de outros escritores.
sexta-feira, 9 de março de 2012
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Escrever
Escrever poesia
Como quem escreve
Um livro tombo,
Ter olho pra tudo,
Pra quem corre certeiro
Ou toma um tombo.
Ter olho pra tudo,
Até mesmo pro pombo.
Escrever poesia
Como quem chora
Ou se devora
Louco sem deus ou memória,
Culto de súplica e prece
Sem pai, pão ou perdão,
De quem não vive sem pressa
E só crê e obedece
Ao rito livro das horas
De um herege.
Escrever poesia
Onde nada é imorredouro
E tudo é sujo, sujo, sujo
Como um matadouro
Mundo imundo,
Sorvedouro.
Anotar todo nome
E a garatuja suja,
Vasto palavrório
Inútil
E o palavrão
Sempre útil
Na rua ou no escritório
Da massa inconsútil
Comedida e comezinha.
Escrever poesia,
Todo o logradouro
Ilustre ou anônimo
De gente, topônimo,
Escol, escória
Que aparece e some
Cadente
Neste livro de ouro.
Escrever poesia
Em confronto
Com um dia e breviário
De fadiga e soluço
Que nos varam, translúcidos,
Com a luz dos semáforos;
Que só nos querem lúcidos
E sempre prontos
Para labuta
E o livro de ponto.
Escrever poesia
Para gente perdida,
Sem porto ou caminho,
Homens tortos,
Dos descaminhos
Para quem não há
Guia ou oração,
Via ou confissão,
Exorcismo ou escaninho,
Nenhum livro
Seja dos vivos,
Seja dos mortos.
Escrever poesia
No meio da rua
Sentindo no estômago
Queimação, azia,
Trazendo no peito
Crônico,
Ânsia, taquicardia
E a aflição
De quem fala, fala, fala
Sem ninguém
Que lhe ouça a voz e o pleito,
De quem cansa e se cala
Na multidão.
Escrever poesia,
Códice, gravura,
Xingamento e mesura,
Pergaminho no estojo,
Página e rolo
De náusea e de nojo.
Como quem escreve
Um livro tombo,
Ter olho pra tudo,
Pra quem corre certeiro
Ou toma um tombo.
Ter olho pra tudo,
Até mesmo pro pombo.
Escrever poesia
Como quem chora
Ou se devora
Louco sem deus ou memória,
Culto de súplica e prece
Sem pai, pão ou perdão,
De quem não vive sem pressa
E só crê e obedece
Ao rito livro das horas
De um herege.
Escrever poesia
Onde nada é imorredouro
E tudo é sujo, sujo, sujo
Como um matadouro
Mundo imundo,
Sorvedouro.
Anotar todo nome
E a garatuja suja,
Vasto palavrório
Inútil
E o palavrão
Sempre útil
Na rua ou no escritório
Da massa inconsútil
Comedida e comezinha.
Escrever poesia,
Todo o logradouro
Ilustre ou anônimo
De gente, topônimo,
Escol, escória
Que aparece e some
Cadente
Neste livro de ouro.
Escrever poesia
Em confronto
Com um dia e breviário
De fadiga e soluço
Que nos varam, translúcidos,
Com a luz dos semáforos;
Que só nos querem lúcidos
E sempre prontos
Para labuta
E o livro de ponto.
Escrever poesia
Para gente perdida,
Sem porto ou caminho,
Homens tortos,
Dos descaminhos
Para quem não há
Guia ou oração,
Via ou confissão,
Exorcismo ou escaninho,
Nenhum livro
Seja dos vivos,
Seja dos mortos.
Escrever poesia
No meio da rua
Sentindo no estômago
Queimação, azia,
Trazendo no peito
Crônico,
Ânsia, taquicardia
E a aflição
De quem fala, fala, fala
Sem ninguém
Que lhe ouça a voz e o pleito,
De quem cansa e se cala
Na multidão.
Escrever poesia,
Códice, gravura,
Xingamento e mesura,
Pergaminho no estojo,
Página e rolo
De náusea e de nojo.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Oração
Ó Pai,
Governante angelical deste mundo,
Habitante das esferas mais sensíveis do desejo
Conhecedor íntimo dos círculos de Sophia,
Nenhum panarion te curou da nossa alma,
Nela habitas a despeito de tantos santos e heresias,
De tantas exprobações e excomunhões,
De tantas fogueiras e perseguições
Arraigado como estás em cada coração e intento.
Ó Pai,
Governante angelical deste mundo,
Senhor dos rebeldes com causa de Sodoma
Dos amantes devassos de Gomorra,
Místicos a galgar os fastígios do sublime,
O êxtase erótico do nirvana e do crime,
Ensinaste que toda a trave sobre o corpo,
Que todo o grilhão contra as formas do amor
Só nos leva à guerra, à infelicidade e ao terror.
Ó Pai,
Governante angelical deste mundo,
Soberano de toda a raça de Adão,
De todo o fugitivo e errante pela terra,
De Nimrode, poderoso caçador,
Edificador de cidades, da imensa Torre,
Ensinaste que toda a salvação
É inimiga íntima do controle
E que só pode ser salvo quem é livre para sê-lo;
Ó Pai, sim!
Governante angelical deste mundo,
Livre para comer e amar,
Livre para ler e conhecer,
Para destruir e odiar, para construir
E novamente destruir e, então, reconstruir
Quantas vezes forem necessárias o homem, o mundo
E, sobretudo, livre para matar e vingar-se
Setenta vezes sete de quem nos mata.
Ó Pai, Senhor,
Governante angelical deste mundo,
Incompreendido por todos que crêem
Nas nuvens inúmeras havidas por Deus,
Pelo demiurgo megalomaníaco deste mundo
Que, a muito custo, tenta extinguir
A centelha insondável, pó primevo e fecundo,
Que todos carregam dentro de si, Pai Nosso,
Assassino e construtor, raça dos cainitas!
Ó Pai, Senhor,
Homem demasiadamente humano
Que teve a oferta mais pura recusada,
Primícia da terra, límpida e incruenta,
Obra de tuas mãos calejadas de lavrador,
Trabalho de quem edificou todo orbe antigo:
Ur e Enoque, Sodoma e Gomorra, Babel e Babilônia,
Tebas, Nínive e Calá, Sidom, Roma e Pasárgada,
Habitante de Node, Oriente do Éden!
Ó Pai, Senhor,
Preterido, proscrito e amaldiçoado,
Perseguido e fustigado pelo inferior,
Hostilizado e marcado pelo sangrento sacrificador,
Pelo Deus da gordura e do sangue de tantos altares,
Luminar acossado pelo desejo, libertino
Livre para mal proceder, para pecar e conhecer-se,
A tua oferenda, vida e alimento, foi rejeitada
Em favor da morte, do sangue e da dissolução.
Ó Senhor, o mais belo ninivita, obstinado,
A tua centelha ninguém jamais apagará,
Pai adâmico, Pai-Mãe, sabedoria incorruptível,
Restaurada pela revolta, pela ímpia verdade
Que desde o início tu sempre conheceste,
Aquela mesma que levou todos a enlouquecerem
E a te acusarem de Judas, apóstata e execrando.
Sabes bem que toda a divindade é uma caixa de Pandora
E que Deus reiventou-se o Diabo reiventando.
Governante angelical deste mundo,
Habitante das esferas mais sensíveis do desejo
Conhecedor íntimo dos círculos de Sophia,
Nenhum panarion te curou da nossa alma,
Nela habitas a despeito de tantos santos e heresias,
De tantas exprobações e excomunhões,
De tantas fogueiras e perseguições
Arraigado como estás em cada coração e intento.
Ó Pai,
Governante angelical deste mundo,
Senhor dos rebeldes com causa de Sodoma
Dos amantes devassos de Gomorra,
Místicos a galgar os fastígios do sublime,
O êxtase erótico do nirvana e do crime,
Ensinaste que toda a trave sobre o corpo,
Que todo o grilhão contra as formas do amor
Só nos leva à guerra, à infelicidade e ao terror.
Ó Pai,
Governante angelical deste mundo,
Soberano de toda a raça de Adão,
De todo o fugitivo e errante pela terra,
De Nimrode, poderoso caçador,
Edificador de cidades, da imensa Torre,
Ensinaste que toda a salvação
É inimiga íntima do controle
E que só pode ser salvo quem é livre para sê-lo;
Ó Pai, sim!
Governante angelical deste mundo,
Livre para comer e amar,
Livre para ler e conhecer,
Para destruir e odiar, para construir
E novamente destruir e, então, reconstruir
Quantas vezes forem necessárias o homem, o mundo
E, sobretudo, livre para matar e vingar-se
Setenta vezes sete de quem nos mata.
Ó Pai, Senhor,
Governante angelical deste mundo,
Incompreendido por todos que crêem
Nas nuvens inúmeras havidas por Deus,
Pelo demiurgo megalomaníaco deste mundo
Que, a muito custo, tenta extinguir
A centelha insondável, pó primevo e fecundo,
Que todos carregam dentro de si, Pai Nosso,
Assassino e construtor, raça dos cainitas!
Ó Pai, Senhor,
Homem demasiadamente humano
Que teve a oferta mais pura recusada,
Primícia da terra, límpida e incruenta,
Obra de tuas mãos calejadas de lavrador,
Trabalho de quem edificou todo orbe antigo:
Ur e Enoque, Sodoma e Gomorra, Babel e Babilônia,
Tebas, Nínive e Calá, Sidom, Roma e Pasárgada,
Habitante de Node, Oriente do Éden!
Ó Pai, Senhor,
Preterido, proscrito e amaldiçoado,
Perseguido e fustigado pelo inferior,
Hostilizado e marcado pelo sangrento sacrificador,
Pelo Deus da gordura e do sangue de tantos altares,
Luminar acossado pelo desejo, libertino
Livre para mal proceder, para pecar e conhecer-se,
A tua oferenda, vida e alimento, foi rejeitada
Em favor da morte, do sangue e da dissolução.
Ó Senhor, o mais belo ninivita, obstinado,
A tua centelha ninguém jamais apagará,
Pai adâmico, Pai-Mãe, sabedoria incorruptível,
Restaurada pela revolta, pela ímpia verdade
Que desde o início tu sempre conheceste,
Aquela mesma que levou todos a enlouquecerem
E a te acusarem de Judas, apóstata e execrando.
Sabes bem que toda a divindade é uma caixa de Pandora
E que Deus reiventou-se o Diabo reiventando.
sábado, 26 de novembro de 2011
Supernova
“Porque tu és pó e ao pó retornarás”
(Gn. 3:19)
A supernova
É flor de raios
Apavorando
Floricultores,
A tantos povos
A contemplarem
Imenso brilho,
Origem e fonte
De todo o riso,
Do todo o choro
E da pergunta
Sobre o que somos,
Para onde vamos.
A supernova
É nossa mãe
E nosso pai,
Deu causa a tudo,
Ao teu destino
E à nossa fé,
Gerou profana
Buracos negros
Insaciáveis
E até as unhas
Tão comezinhas
Do nosso pé.
A supernova
É geometria
A ejetar-nos
Um rubro espectro,
Etéreo aspecto,
A quintessência
De todo o cosmo.
A supernova
É substância,
Todo o minério
Do teu planeta,
O claro enigma
Do teu mistério.
A supernova
É ferro e cálcio
Carbono e boro,
Matéria orgânica
Do teu desterro
Em supersônica
Exsudação.
A supernova
É festa e luz,
Tão branca luz,
Tão fero brilho
È vida e morte
A explodir
No céu da China,
Em Cassiopéia
E na Serpente
Ao olho enorme
De Brahe e Kepler.
A supernova
De nada esquece
E a si requer
Matéria outrora
A ti emprestada.
A supernova
Está no fundo
Do altivo céu,
Além do véu
Do firmamento,
Na grande Nuvem
De Magalhães
Que se te espelha
Destino e halo.
A supernova
Não mente ou ri,
Te dá o dente,
Depois o toma,
É tua origem,
É tua esfinge
Espelho e berço
De todo o fim.
A supernova
É muito séria,
Térmico útero,
Fornalha cósmica
Colapsada,
A Sanduleak
Brilhando mais
Que a própria Vésper
A derramar-se
Por vasto céu.
A supernova
Encena os céus,
Condena os céus
Com raios gama
E raios-x,
Ponteia os astros
Do cientista
E do menino.
A supernova
Que tanto amas
Em ti reponta
E te reconta
A própria imagem,
O curso d’água
De toda a vida.
A supernova
É a inflação
De quente lóbulo
Que nos semeia
Novas estrelas,
A sementeira
Evanescente
Que te refaz
E degenera.
A supernova
Põe a serviço
Toda a matéria,
E novas nuvens
E nebulosas
Que te fecundam
E te inoculam
Veneno e pólen
Do céu longínquo.
A supernova,
O bronze e a pátina
De novas vidas
E novas Terras.
A supernova
Deu tempo ao homem
E o subtrai
Do solo ao cosmo.
A supernova
Te dá o câncer
E a rara chance
De redimir-te
Ignorado
E ignorando
O próprio acaso
De toda história.
A supernova,
A destrutiva
A destruir-se,
A destruir-me
E a construir-nos
Do pó sidéreo.
(Gn. 3:19)
A supernova
É flor de raios
Apavorando
Floricultores,
A tantos povos
A contemplarem
Imenso brilho,
Origem e fonte
De todo o riso,
Do todo o choro
E da pergunta
Sobre o que somos,
Para onde vamos.
A supernova
É nossa mãe
E nosso pai,
Deu causa a tudo,
Ao teu destino
E à nossa fé,
Gerou profana
Buracos negros
Insaciáveis
E até as unhas
Tão comezinhas
Do nosso pé.
A supernova
É geometria
A ejetar-nos
Um rubro espectro,
Etéreo aspecto,
A quintessência
De todo o cosmo.
A supernova
É substância,
Todo o minério
Do teu planeta,
O claro enigma
Do teu mistério.
A supernova
É ferro e cálcio
Carbono e boro,
Matéria orgânica
Do teu desterro
Em supersônica
Exsudação.
A supernova
É festa e luz,
Tão branca luz,
Tão fero brilho
È vida e morte
A explodir
No céu da China,
Em Cassiopéia
E na Serpente
Ao olho enorme
De Brahe e Kepler.
A supernova
De nada esquece
E a si requer
Matéria outrora
A ti emprestada.
A supernova
Está no fundo
Do altivo céu,
Além do véu
Do firmamento,
Na grande Nuvem
De Magalhães
Que se te espelha
Destino e halo.
A supernova
Não mente ou ri,
Te dá o dente,
Depois o toma,
É tua origem,
É tua esfinge
Espelho e berço
De todo o fim.
A supernova
É muito séria,
Térmico útero,
Fornalha cósmica
Colapsada,
A Sanduleak
Brilhando mais
Que a própria Vésper
A derramar-se
Por vasto céu.
A supernova
Encena os céus,
Condena os céus
Com raios gama
E raios-x,
Ponteia os astros
Do cientista
E do menino.
A supernova
Que tanto amas
Em ti reponta
E te reconta
A própria imagem,
O curso d’água
De toda a vida.
A supernova
É a inflação
De quente lóbulo
Que nos semeia
Novas estrelas,
A sementeira
Evanescente
Que te refaz
E degenera.
A supernova
Põe a serviço
Toda a matéria,
E novas nuvens
E nebulosas
Que te fecundam
E te inoculam
Veneno e pólen
Do céu longínquo.
A supernova,
O bronze e a pátina
De novas vidas
E novas Terras.
A supernova
Deu tempo ao homem
E o subtrai
Do solo ao cosmo.
A supernova
Te dá o câncer
E a rara chance
De redimir-te
Ignorado
E ignorando
O próprio acaso
De toda história.
A supernova,
A destrutiva
A destruir-se,
A destruir-me
E a construir-nos
Do pó sidéreo.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Soneto a Judas
Amar o próprio Judas não é coisa
A quem não renuncia altar vetusto,
A tantas crenças vãs que a muito custo
Turvam o pensamento, frágil loisa.
Amá-Lo contra todos os discursos
É ter a mente sã do criminoso
É sentir afinal o imenso gozo
De trair o que trai nossos excursos;
Ter na boca malditos padre-nossos:
“Ó Senhor, vinde Vós a nosso Reino
Reduzir as doutrinas a destroços;
Revelai as agruras do desejo,
Todo o mal desta vida na qual treino
Beijar os meus irmãos com vosso beijo.”
A quem não renuncia altar vetusto,
A tantas crenças vãs que a muito custo
Turvam o pensamento, frágil loisa.
Amá-Lo contra todos os discursos
É ter a mente sã do criminoso
É sentir afinal o imenso gozo
De trair o que trai nossos excursos;
Ter na boca malditos padre-nossos:
“Ó Senhor, vinde Vós a nosso Reino
Reduzir as doutrinas a destroços;
Revelai as agruras do desejo,
Todo o mal desta vida na qual treino
Beijar os meus irmãos com vosso beijo.”
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Amar o Diabo
Amar o Diabo
É como amar o próprio Judas
O mais elevado,
Aquele a quem tentaram
Macular-lhe o brilho,
Denegrir encolerizados
O preferido do único Filho.
Amar o Diabo
É como amar o Evangelho,
A sublime canção,
Boas Novas
De que ninguém precisa de salvação.
Amar o Diabo
É desprezar os doze
Como se nada fossem,
É amar o décimo terceiro,
Ter a carne imolada
No templo de sacerdotes e carniceiros.
Amar o Diabo
É como amar
A geração de Adamás
E seus luminares,
Aquela que tentaram sacrificar
Nos altares
Dos que jejuam e se abstêm
Gritando aleluia e amém.
Amar o Diabo
É ouvir a voz de Satanás
Sussurrar-nos assaz
Que nosso chão,
Que nosso pão e além
Não é uma caixa
Onde se acha
Todo o mal ou todo o bem.
Amar o Diabo
É ter Judas Iscariotes
Como confessor e sacerdote,
Ser facho ou archote,
Apóstata,
Alvo dos apóstolos,
Malditos zelotes.
Amar o Diabo
É não ser gado,
Estar imundo e sem pecado,
Trazido ao mundo,
Da perdição das estrelas
E poder vê-las
Como antiga cela
Onde lhe devoravam
O fígado e as costelas.
Amar o Diabo
É ver o próprio Deus
Despir-se de todas as vestes
É vê-lo nu, sem desejos,
Monstro do Leste,
A contemplar no espelho,
Sem chifre ou rabo,
Toda a pureza do Diabo.
Amar o Diabo
É tornar-se pio crente,
Ter nas mãos a estrela e a serpente,
A ira acesa,
A marca e o chifre
De quem quer ser livre
E, enfim, se desnuda
Para crer
No evangelho de Judas.
É como amar o próprio Judas
O mais elevado,
Aquele a quem tentaram
Macular-lhe o brilho,
Denegrir encolerizados
O preferido do único Filho.
Amar o Diabo
É como amar o Evangelho,
A sublime canção,
Boas Novas
De que ninguém precisa de salvação.
Amar o Diabo
É desprezar os doze
Como se nada fossem,
É amar o décimo terceiro,
Ter a carne imolada
No templo de sacerdotes e carniceiros.
Amar o Diabo
É como amar
A geração de Adamás
E seus luminares,
Aquela que tentaram sacrificar
Nos altares
Dos que jejuam e se abstêm
Gritando aleluia e amém.
Amar o Diabo
É ouvir a voz de Satanás
Sussurrar-nos assaz
Que nosso chão,
Que nosso pão e além
Não é uma caixa
Onde se acha
Todo o mal ou todo o bem.
Amar o Diabo
É ter Judas Iscariotes
Como confessor e sacerdote,
Ser facho ou archote,
Apóstata,
Alvo dos apóstolos,
Malditos zelotes.
Amar o Diabo
É não ser gado,
Estar imundo e sem pecado,
Trazido ao mundo,
Da perdição das estrelas
E poder vê-las
Como antiga cela
Onde lhe devoravam
O fígado e as costelas.
Amar o Diabo
É ver o próprio Deus
Despir-se de todas as vestes
É vê-lo nu, sem desejos,
Monstro do Leste,
A contemplar no espelho,
Sem chifre ou rabo,
Toda a pureza do Diabo.
Amar o Diabo
É tornar-se pio crente,
Ter nas mãos a estrela e a serpente,
A ira acesa,
A marca e o chifre
De quem quer ser livre
E, enfim, se desnuda
Para crer
No evangelho de Judas.
sábado, 20 de agosto de 2011
Afrodite
Teu corpo de Afrodite incidental,
Nascido entre os escombros do meu dia,
Me surge enquanto dispo-me da cal
Das horas consumidas sem valia.
Teu corpo, epifania conjugal,
Sigilo e afago após a bizarria
Que me aflige tornando mais brutal
A mão que à noite busca-te erradia.
Refúgio de quem vive em meio às feras
De todos os banidos das esferas,
Dos anjos, prometeus e satanás
Que agora gozam, amam e trabalham
Na luta pelo pouco que amealham,
Afã com que teu corpo se compraz.
Nascido entre os escombros do meu dia,
Me surge enquanto dispo-me da cal
Das horas consumidas sem valia.
Teu corpo, epifania conjugal,
Sigilo e afago após a bizarria
Que me aflige tornando mais brutal
A mão que à noite busca-te erradia.
Refúgio de quem vive em meio às feras
De todos os banidos das esferas,
Dos anjos, prometeus e satanás
Que agora gozam, amam e trabalham
Na luta pelo pouco que amealham,
Afã com que teu corpo se compraz.
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